sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Artistas do Acre

José Marques de Sousa


O Matias filho mais velho do migrante cearense Moisés Matias de Sousa (1901 - 2001) e da acreana Maria Marques de Sousa, nasceu na colocação Ipu, seringal Restauração as margens do igarapé Penedo em Tarauacá. Como todas as crianças daquela época Matias aprendeu cedo como extrair o látex e os conhecimentos da floresta, com seu pai aprendeu também a arte da carpintaria. Já adulto deixa o seringal com mulher e filhos para vir à cidade no intuito de dar uma melhor educação aos filhos.
Chega em Rio Branco em 1969, o contato com a cidade cria grande impacto em Matias, que sentiu as dificuldades de um seringueiro recém chegado a um modo de vida diferente dos seringais acreanos. Na cidade aprende a ler assistindo aulas no MOBRAL, a partir daí participa com um dos fundadores das Comunidades Eclesiais de Base do Acre como monitor e de Grupos de Evangelização da Igreja Católica Nesse período observa os contrates sociais repensando as desigualdades dos seringueiros na cidade.
Ao lado de nomes como Chico Mendes, Hélio Pimenta, Nilson Mourão entre outros se torna um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores acreano. Matias foi um dos maiores representante do ativismo cultural no Acre. Seu contato com o teatro no Teatro Barracão de Rio Branco fez surgir dessa rica vivência, entre o movimento social e a cultura popular, no dia 21 de janeiro de 1971, o grupo de teatro De Olho na Coisa usado como instrumento de comunicação para denunciar as más condições da população. A frente do grupo participou de manifestações populares dentro e fora do país, ecologicas e acima de tudo artisticas.
Iniciou em 1979 um movimento organizando grupos de teatro que realizavam apresentações gratuitas, reunindo jovens e instituições religiosas. Junto com Abrahim Farhat (Lhé) , João Eduardo e outros companheiros da época colaboraram na ocupação de toda a região que hoje é chamada de Baixada do Sol em Rio Branco. Através da arte e cultura popular articulou e ajudou a devolver a dignidade às muitas famílias expulsas dos seringais que vinham para a cidade e não tinham onde morar. Durante os anos 80 dedica-se ao teatro.
Em 1986 participa das eleições como candidato a senador pelo PT-AC junto com os então candidatos Chico Mendes deputado estadual, Marina Silva deputada federal e Hélio Pimenta ao governo, não obteve votos suficientes para se eleger.
Em 1987 é convidado por Francisco Gregório Filho. então presidente da Fundação de Cultura do Acre para participar da equipe de coordenação, coordenando as atividades no Teatro Barracão. Matias produzia roteiros baseados tanto na cultura acreana como temas ecológicos, obras como "O clamor da Floresta" e "Egoísmo que escraviza e destrói".
Em 1994 Matias consegue finaciamento do Unicef para o Projeto Arte Educação para Crianças. Chegou a ser destaque no Programa Criança Esperança em 1996.

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